Relatório aponta melhorias na cobertura de género na mídia mas ainda há desafios
MAPUTO, 7 de Julho 2015 – A mídia tem de criar a sua própria agenda para reportar questões de género, de acordo com a terceira edição do relatório "Análise de Género na Mídia Moçambicana 2014" lançado pela IREX hoje. Este estudo analisa a situação prevalencente e os progressos alcançados na área de cobertura de género na mídia moçambicana.
De acordo com o relatório, em comparação com os anos anteriores, em 2014 aumentou o número de artigos e reportagens sobre género, embora muitos desses artigos estivessem vinculados a eventos especiais ou datas comemorativas como o Dia da Mulher Moçambicana e o Dia Internacional da Mulher. O estudo conclui que em vez de reportar sobre as questões de género somente em tais ocasiões, a mídia deveria ir mais além e trazer ângulos diferentes relaccionados com género e violência baseada no género (VBG) de forma regular, ao longo do ano.
O relatório alerta também para a falta de protecção das fontes nas matérias analisadas, permitindo que sejam identificadas, sem ter em conta o impacto desta abordagem nas vítimas. Através da publicação de fotografias ou outras descrições que identificam as vítimas, os seus direitos de privacidade são violados, causando estigmatização e outros danos, como a exclusão e ostracismo na comunidade local em que vivem.
Quando se aborda a VBG, observa-se uma tendência de descrição dos acontecimentos exclusivamente a partir da perspectiva das fontes oficiais. A falta de pluralidade das fontes não permite o entendimento global acerca da complexidade do tema. Outro problema identificado na mídia foi a falta de acompanhamento dos casos reportados e da reinserção social da vítima e do agressor, com o objectivo de educar a sociedade e reduzir as taxas da sua reincidência.
"A mídia é um actor-chave no combate à VBG e, por isso, as informações sobre esta problemática devem ser apresentadas com mais profundidade," disse Dércia Materula, Coordenadora de Género e Mídia da IREX. "É importante que a mídia nos traga mais matérias com cobranças aos principais actores. Estas peças devem enaltecer os progressos, desafios e demandar mudanças," acrescentou. No entanto, o estudo conclui que melhorou o tratamento do tema e constatou que a mídia pautou por uma abordagem integrada, ao retratar a magnitude do impacto da VBG em Moçambique.
O relatório foi produzido pelo Programa Para Fortalecimento da Mídia, que é financiado pelo Governo dos Estados Unidos da América, através da sua Agência para o Desenvolvimento Internacional (USAID), e implementado pela IREX.
Encontra em anexo o Relatório de Análise da Cobertura de Género na Mídia ou através do link: http://www2.irex.org.mz/wp-content/uploads/2015/07/IREX-Genero-naMidia-2014.pdf
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
Contacto: Dércia Materula, Coordenadora da área de género na IREX
E-mail: dmaterula@irex.org Tel. (+258) 21 320 090 /
Cel. (+258) 84 2541159
Entrevistas: Dércia Materula está disponível para entrevistas sobre o relatório de género 2014.
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